segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Lascívia feminina ou Safadeza: Sobre Reconhecimento

“Depois que ela rodou na mão da geral o babaca vai e namora com ela!”
Babaca somos nós, mulheres, que namoramos com um babaca que pensa assim. Ouvindo coisas desse tipo que eu penso sobre onde está a permissão para vivenciar a minha sexualidade do jeito que eu quiser?
Sabe, mulher também sente vontade de ter a tal trepada mágica, onde o outro está disposto a fazê-la gozar (goza também) e depois some, como mágica. Nem tudo no universo feminino é romantismo, suspiros e “droga, ele não me ligou no dia seguinte!”. Peraí, cambada, mulher também dá aquela conferida no volume, fica com água na boca quando vê um peitoral lambível, esquenta e sua frio de tesão.
Quantas vezes, eu vi tias (aquelas certinhas) vendo um filme de ação, só entre mulheres, no vídeo-cassete – as tias e as sobrinhas pré-adolescentes, fato – e as danadas começavam um riso nervoso, um remelexo minhoca se ajeitando no sofá, a zueira “ficou com calor, fulana?”, isso tudo porque Van Damme ou Stallone surgiu salvador e sem camisa? Ahn?? Ahn??
Tudo bem, quando os namorados ou maridos apareciam elas faziam as virgens, se ajustavam e ficavam quietinhas. Daí que agora a mulherada fala e sente o que quer entre elas e junto com os amigos/colegas homens. Contudo, na cabeça de alguns homens há uma grande diferença entre ser lascivosa e ser safada. Safada é a periguete. Essa pode ser, pode dar pra geral… Deus queira que queira dar pra mim também!! Pois com essas eles não vão namorar mesmo! … Essas a gente come no carnaval, junta a safada atrás do carro do trio elétrico, levanta a saia, afasta a calcinha pro lado e mete brasa. Essa daí pode ter ficado com tesão nele e feito sexo sem pensar no dia seguinte, essa pode!! Essa é safada!! Comer a safada tem um quê de prêmio também, pra apontar para os amigos no final da noite de carnaval: “Tá vendo aquela ali, comi!!”
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Então que, o feminismo do pussy power tá valendo pra Anitta e companhia, mas e quando o pussy power desce o morro??  Daí as menininhas da classe média que não encarnaram o jeito funkeira periguete de ser só podem fazer o bom uso da danada se for um tipo safada com conteúdo, isto é, se for lascivosa, normalmente, a expectativa sobre as lascivosas com conteúdo está sobre as tatuadas.
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Caralho!! Como ela é gostosa!!
Todo mundo quer, também,  comer a gostosa tatuada e ainda tem mais, gostosas, lascivosas, tatuadas com conteúdo provavelmente vão topar colocar mais uma garotinha na roda. Iêêê… Alegria geral da cambada.  Sexo com a gostosa com conteúdo e mais uma amiguinha dela, também gostosa e com conteúdo, só pode ser fenomenal, pois mulheres lascivosas, tatuadas com conteúdo não podem ser do tipo que esperam que ele ligue no outro dia. Daí está permitido, daí é massa, daí eles (daquele tipo de babaca do início do texto, relembro!) namoram, porque é como ter feito de um tigre o seu pet.
E mais uma vez eu chego a um ponto recorrente em muitos dos meus post’s, é a expectativa sobre o outro que fode com tudo. Acreditamos, muitas vezes, que conseguimos olhar, decodificar e significar o que as pessoas querem transmitir com o externo de seus corpos. Eu sei que o conteúdo dessa crítica é sempre muito o exagero sartriano, do tipo “responsabilize-se pelo que você acha que vê, responsabilize-se por ter feito mau uso do seu discernimento, responsabilize-se, porra!!”.
É muito fácil comprar o discurso do erro alheio, da menina que deveria ter saído com uma saia mais comprida, pois quando ela sai com uma saia tão curta ela está passaaaaaaaando uma mensagem… UuuuHHh… o fantasma simbólico do ser. Que se a menina não quer ser vista assim ou assado ela não deveria ter feito tatuagens. Que quando ela resolveu chupar aquele pirulito ela sabia que o cara iria imaginar um ball cat. Não!! Não e Não!! Ela não precisa pensar nisso na hora de vestir a roupa que quer, ela não precisa pensar nisso na hora que ela vai chupar o pirulito, ela não precisa ficar pensando em qual a mensagem que ela vai passar. Ela pode simplesmente viver e você, babaca, pode simplesmente se responsabilizar por sua tendência a classificar as pessoas sem as conhecer.
Apollonia Saintclair 372 - 20130612 Le petit ami de l’archiviste (The archivist’s boyfriend)E aí vem o problema maior, quando a menina que não faz o tipo periguete e nem o tipo tatuada-gostosa-com conteúdo, resolve por dar pra geral, é aí que ela deixa de ser qualquer coisa que ela poderia ser, pois o que ela é?? Safada ou lascivosa?? Ela é apenas a menina que está com tesão e resolveu fazer sexo, e o pior, ela se apaixona pelos caras, ou não, ela fica de boa e ainda manda o cara ir embora no meio da noite. Essa não pode, isso não era esperado, então ela só pode ser maluca, a maluquice de quem não sabe qual mensagem passar, pois é muito mais fácil para que eu a classifique se ela é fixa, estável, quando há harmonia entre a mensagem externa que ela quer passar e suas atitudes. Se não há essa harmonia eu terei que conhecê-la… AAAAHHHH!! Pânico, gritaria!! E caímos no limbo daqueles que ninguém quer conhecer. Verdade, é sempre mais fácil viver na superfície.


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